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Este é nosso espaço para falarmos um pouco mais sobre Dificuldades e Transtornos de Aprendizagem. Aqui, compartilharemos artigos, tiraremos dúvidas e daremos dicas sobre o assunto.
O Processamento Auditivo Central e sua relação com a linguagem e aprendizagem
POSTADO POR META | 30/06/2021
É bastante provável que vocês já tenham ouvido falar da íntima relação do Processamento Auditivo Central (PAC) com o início do desenvolvimento da alfabetização, no entanto pouco se ouve a respeito da sua importância em todo o processo de aprendizagem. É sobre isso que iremos conversar hoje. Vamos lá?
O Processamento Auditivo Central está relacionado à análise que o cérebro faz dos sons que chegam através da orelha, dando a eles um significado que faça sentido no nosso dia a dia, como citado em artigo anterior por Karen Veiga.
Esse processo é importante para a aquisição da leitura e escrita como tem sido amplamente apontado, no entanto, além da percepção acústica da fala que possibilita a criança fazer a relação som e letra no início da alfabetização, o PAC tem papel fundamental na aquisição de vocabulário, na compreensão da linguagem como um todo, com um impacto também na compreensão e produção de texto.
A partir disso, iremos discutir as características de alguns transtornos relacionados a alterações do processamento auditivo central e suas consequências.
Na dislexia, do tipo fonológico, a maior alteração está no processamento fonológico relacionado à percepção e discriminação de diferenças acústicas dos sons da fala. Isso traz uma implicação na aquisição do vocabulário, na capacidade de associação som/letra, acarretando déficit de fluência e compreensão da leitura.
Podemos encontrar também leitores não disléxicos que apresentam dificuldades de compreensão, sem alterações no processamento fonológico, e sim no processamento semântico, ou seja, o prejuízo se encontra no acesso ao significado da palavra.
No quadro de Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL) as alterações aparecem em todos os subsistemas da linguagem que dificultarão o uso social da língua e as regras que a regem, isto é, a comunicação através do diálogo (pragmática); a estruturação, reconhecimento e acesso ao vocabulário (semântico lexical); a estrutura, formação e classificação das palavras e estruturação frasal (morfossintaxe); articulação e junção dos sons (fonologia).
Todas essas dificuldades características do TDL estão relacionadas a uma capacidade limitada do processamento auditivo da informação que impactam significativamente a comunicação oral e todo o processo da aprendizagem escolar da criança.
Dessa forma ao analisarmos sobre os transtornos de aprendizagem relacionados ao PAC, podemos observar que há um prejuízo importante de vocabulário comum a todos. No entanto, devemos ressaltar que além da integridade sensorial, o desenvolvimento do vocabulário depende de um processo maturacional cerebral, do meio sociofamiliar, e dos estímulos recebidos através da interação social. Vale lembrar que o uso de eletrônicos, apesar de contemplarem estímulos auditivos, não permite a interação ativa, portanto, não contribui efetivamente para desenvolvimento desse vocabulário.
Descrevemos aqui como o nível do vocabulário está diretamente relacionado a compreensão da linguagem como um todo, assim como a compreensão e produção de texto. Nesse sentido, a escola tem um papel fundamental para o desenvolvimento da linguagem e aprendizagem, especialmente quando o contexto familiar não consegue proporcionar, por diferentes motivos, a exposição a situações conversacionais frequentes, ler e ouvir estórias e outros contextos que favoreçam interações comunicativas e interlocuções necessárias à ampliação do vocabulário da criança.
Equipe Meta
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